Palestina nos olhos da opinião pública:

Ato em justiça de Shireen Abu Akleh

Coletivo Dinamene
3 min readMay 14, 2022
Fonte: The New Arab — https://english.alaraby.co.uk/features/brave-voice-journalists-pay-tribute-shireen-abu-akleh

“[…] a luta contínua dos palestinos para defender seus lares, para recusar serem violentamente arrancados de Jerusalém, é um lembrete de que a descolonização não é um substantivo abstrato. É um verbo que implica ação.” (Sarah Ihmoud, “Sheikh Jarrah: A questão diante de nós”, 2021)

O dia 15 de maio de 1948 ficou conhecido na história como Al Nakba (geralmente traduzido do árabe como “a catástrofe”, mas significando mais precisamente “miséria humana”). Neste dia, há 74 anos, a expulsão do povo palestino de suas terras atinge o apogeu.

Em 13 de maio de 2022, a jornalista palestino-estadunidense Shireen Abu Akleh, da emissora Al Jazeera, foi morta a tiros pelas forças da ocupação na Cisjordânia. Foi na cobertura da invasão pelo exército israelense ao campo de refugiados de Jenin que Abu Akleh e o repórter Ali al-Samudi foram baleados.

Até os dias atuais, as vozes palestinas são apagadas, distorcidas e silenciadas, seja nas redes sociais, na grande mídia internacional ou nas ruas. Não há possibilidade de responsabilização que não passe pelo reconhecimento da Nakba.

“O reconhecimento do direito de retorno da população expulsa –o que não significa que 7 milhões de palestinos queiram passar a viver no Estado de Israel– faz parte do reconhecimento da responsabilidade israelense pelos crimes de 1948. Trata-se de uma necessidade moral sem a qual não pode haver reconciliação, nem processo de paz.” (Arlene Clemesha, “Palestina 1948–08: 60 anos de desenraizamento e desapropriação”, 2008, p.22)

Em 2021, Israel lançou diversos ataques, como a invasão à mesquita de Al-Aqsa em Jerusalem ocorrida em abril. Frente às manifestações online, redes sociais — como o Facebook e o Twitter- removeram páginas, matérias, posts e hashtags que noticiassem o evento.

Ainda, em maio de 2021, dentre as ofensivas israelenses, destacou-se o bombardeio do edifício em Gaza da emissora Al Jazeera.

É face a este silenciamento histórico e sistemático que convocamos todas e todos a participar do ato amanhã, dia 15/05/2022, em São Paulo, às 11h na Praça Estado da Palestina, no bairro do Paraíso.

“O que está em jogo é se continuaremos a permitir a violência e a destruição de uma visão mais expansiva, mais pluralista de humanidade, ou se destruiremos, de uma vez por todas, o próprio sentido de espaço de fronteira como uma forma de violência que inerentemente expulsa certos corpos e povos racializados da categoria imperativa de ser humano. […] A questão diante de nós é esta: continuaremos a permitir que o Estado de Israel perpetue a violência colonial e a supremacia branca enquanto reivindica exclusividade sobre Jerusalém, sobre a Palestina? Ou nós ateamos fogo no mundo e nos juntamos aos nossos irmãos palestinos para lutar, com amor e determinação, não apenas pela sua liberdade, mas também pela nossa.” (Sarah Ihmoud, “Sheikh Jarrah: A questão diante de nós”, 2021)

Referências:

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